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QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?

Qual o seu diagnóstico?

Celso Montenegro Turtelli, Fabiano de Almeida Borges, Hélio Antônio Ribeiro Júnior, Tânia Mara Calciolari Rossi, Cristiano Rezio Fonseca



 

 

Nos cortes tomográficos foram observados gânglios das cadeias peri-hilares, na altura da carena, de volume aumentado (Figura 2), e gânglios calcificados das cadeias paraesofágica (Figura 3) e diafragmática (Figura 4). A Figura 5 (reformatação coronal) mostra gânglios peri-hilares aumentados de volume e paraesofágicos calcificados.

 

 

 

 

 

O diagnóstico, após biópsia ganglionar por mediastinoscopia, foi de sarcoidose.

A sarcoidose é doença granulomatosa multissistêmica, de etiologia desconhecida, que afeta mais comumente adultos, e tem como formas mais comuns de apresentação linfoadenopatia bilateral, infiltrado pulmonar e lesões cutâneas(1). Embora corresponda a uma doença autolimitada para a maioria dos pacientes, pode ocorrer desenvolvimento de extensa fibrose pulmonar(2). O diagnóstico é estabelecido, mais seguramente, quando os achados clínicos e radiológicos são associados às evidências histológicas de granulomas epitelióides em mais de um órgão.

Radiologicamente, a sarcoidose pode ser classificada em cinco estádios(1): estádio 0 - sem anormalidades demonstráveis; estádio I - aumento dos linfonodos hilares e mediastinais, sem anormalidades parenquimatosas; estádio II - aumento dos linfonodos hilares e mediastinais, associado a alterações parenquimatosas; estádio III - doença pulmonar difusa, não associada a aumento de linfonodos; estádio IV - fibrose pulmonar.

Na tomografia computadorizada de alta resolução os nódulos são a anormalidade mais comumente visibilizada. Em geral, têm diâmetro de 2 a 10 mm e margens irregulares, e localizam-se, principalmente, ao longo dos feixes broncovasculares, septos interlobulares e superfície pleural, incluindo a pleura visceral. Representam, anatomopatologicamente, agregados de granulomas. Em menor freqüência, tais aglomerados podem originar grandes nódulos (> 1 cm) e grandes opacidades mal definidas. Pequenos granulomas esparsos pelo parênquima dão origem ao padrão em vidro-fosco, com aumento difuso da atenuação pulmonar. Nas fases mais avançadas da doença, com fibrose pulmonar, notam-se bronquiectasias de tração, bronquioloectasias e distorções parenquimatosas(2).

Quanto ao envolvimento ganglionar, a maioria dos pacientes mostra um destes padrões: hilar bilateral sem adenopatia mediastinal; hilar bilateral com adenopatia paratraqueal direita; hilar bilateral com adenopatia mediastinal bilateral(3). Pequenos e grandes linfonodos podem coexistir(4). Os linfonodos podem sofrer calcificação, mais comumente bilateral, sendo mais freqüentes os padrões difuso, focal ou em "casca de ovo"(5).

O diagnóstico diferencial é feito principalmente com tuberculose, doenças fúngicas (histoplasmose, criptococose), linfomas e pneumoconioses (silicose).

O prognóstico é bom na maioria dos casos, e grande parte permanece assintomática durante a progressão da doença. Nos indivíduos da raça negra, tende a ser menos favorável. A mortalidade varia de 5% a 10% e deve-se ao cor pulmonale, decorrente da fibrose pulmonar.

 

REFERÊNCIAS

1. Fraser RG, Paré JAP, Paré PD, Fraser RS, Genereux GP, eds. Diagnosis of diseases of the chest. 3rd ed. Philadelphia: Saunders, 1991:2604-33.

2. Marchiori E, Melo ASA, Kavakama J, Teixeira GHM, Capone D. Sarcoidose: correlação da tomografia computadorizada de alta resolução com a anatomopatologia. Radiol Bras 2000;33:67-71.

3. Patil SN, Levin DL. Distribution of thoracic lymphadenopathy in sarcoidosis using computed tomography. J Thorac Imaging 1999;14:114-7.

4. Naidich DP, Zerhouni EA, Siegelman SS, eds. Computed tomography and magnetic resonance of the thorax. 2nd ed. New York: Raven Press, 1991: 374-8.

5. Gawne-Cain ML, Hansell DM. The pattern and distribution of calcified mediastinal lymph nodes in sarcoidosis and tuberculosis: a CT study. Clin Radiol 1996;51:263-7.

 

 

1. Professor Adjunto do Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital-Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM), Uberaba, MG. 2. Médicos Residentes (R1). 3. Médico Residente (R3). Endereço para correspondência: Prof. Dr. Celso Montenegro Turtelli. Serviço de Radiologia, Hospital-Escola da FMTM. Av. Getúlio Guaritá, s/nº, Bairro Abadia. Uberaba, MG, 38025-440.


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