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EDITORIAIS

Biópsias percutâneas na radiologia mamária

Percutaneous biopsy in radiological imaging of the breast

Ellyete de Oliveira Canella



O artigo "Subestimação diagnóstica das biópsias mamárias percutâneas por agulha grossa e assistidas a vácuo na hiperplasia ductal atípica e no carcinoma ductal in situ em instituição brasileira de referência"(1), publicado no número anterior da revista Radiologia Brasileira, foi realizado em instituição de referência para ensino e reflete a responsabilidade que a realização do procedimento invasivo exige na prática clínica. Em 1989, a biópsia percutânea do tipo core, utilizando agulha grossa e dispositivo automático, começou a ser utilizada pelo Dr. Parker para diagnóstico nas lesões mamárias não palpáveis, cuja detecção se tornava cada vez mais frequente, com o advento da mamografia de alta resolução. O primeiro trabalho, publicado em 1990, comparou o desempenho da core biópsia com a biópsia cirúrgica, concluindo que a core biópsia representava uma alternativa confiável, rápida, de baixo custo, bem tolerada pelas pacientes, com mínimas complicações e com pouca possibilidade de gerar cicatrizes no parênquima(2). Em 1995, o Dr. Parker desenvolveu a biópsia percutânea a vácuo (na época chamada de mamotomia, pois era feita no Mammotome®), para melhorar a acurácia da biópsia de microcalcificações na mama adiposa(3). Core biópsia e biópsia a vácuo foram, inicialmente, pouco aceitas pelos mastologistas e até rejeitadas por alguns. Mas as biópsias percutâneas, guiadas por estereotaxia ou por ultrassonografia, mudariam o diagnóstico em mastologia e ganhariam amplo espaço na propedêutica. Nos dias atuais, a demanda para biópsias percutâneas é crescente, mas muitos problemas estão ocorrendo, causando falso-negativos, perda e retardo diagnóstico, aumento de custo. Entre os problemas mais importantes estão: a) desconhecimento dos critérios técnicos para indicar (parte do solicitante), para orientar e escolher (parte do radiologista) o melhor tipo de biópsia (core ou a vácuo) e de guia (estereotaxia, ultrassonografia, ressonância magnética) para cada lesão. A indicação/escolha incorreta gera dificuldade técnica, erro diagnóstico e desgaste do método(4); b) falta de padronização na conduta após resultado histopatológico benigno, pois pacientes que deveriam ser acompanhadas acabam sendo operadas e vice-versa; c) falta de técnica e tática na realização do procedimento - escolha errada do acesso, ausência de raciocínio espacial; d) falta de documentação adequada do procedimento - relatório, registro da lesão antes e após a biópsia, radiografia dos fragmentos, se a lesão apresenta microcalcificações - tornando o radiologista vulnerável no aspecto legal(5); e) falta de auditoria de resultados, tornando impossível avaliar o desempenho e detectar falhas para correção(6-8). Os itens a), b) e c) certamente são resultado de falha na formação do radiologista. É muito importante que o "radiologista que faz mama" tenha frequentado instituições especializadas e dedicadas, para treinamento específico. O item d) ilustra a distorção do nosso modelo de atendimento - baixa remuneração por parte dos convênios, gerando excesso de exames por hora. Esse problema somente pode ser resolvido com a união de todos no Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, pois individualmente somos impotentes. O item e) exemplifica a falta de cultura na realização de auditorias. Não existe interesse no assunto e o radiologista não recebe treinamento específico. Além disso, é difícil obter e correlacionar resultados na prática diária, pela perda das pacientes no sistema. Em conclusão, as considerações acima devem ser motivo de reflexão, na busca de melhoria no atendimento às pacientes submetidas a biópsias mamárias. REFERÊNCIAS 1. Badan GM, Roveda Júnior D, Piato S, et al. Subestimação diagnóstica das biópsias mamárias percutâneas por agulha grossa e assistidas a vácuo na hiperplasia ductal atípica e no carcinoma ductal in situ em instituição brasileira de referência. Radiol Bras. 2016;49:6-11. 2. Parker SH, Lovin JD, Jobe WE, et al. Stereotactic breast biopsy with a biopsy gun. Radiology. 1990;176:741-7. 3. Parker SH, Stravos AT, Dennis MA. Needle biopsy techniques. Radiol Clin North Am. 1995;33:1171-86. 4. Rocha RD, Girardi AR, Pinto RR, et al. Axillary ultrasound and fine-needle aspiration in preoperative staging of axillary lymph nodes in patients with invasive breast cancer. Radiol Bras. 2015;48:345-52. 5. Avelar MS, Almeida O, Alvares BR. Mammographic artifact leading to false-positive result [Letter to the Editor]. Radiol Bras. 2015;48:198-9. 6. Koch H. Audit in breast imaging diagnosis unit [Editorial]. Radiol Bras. 2014;47(2):v. 7. Badan GM, Roveda Júnior D, Ferreira CAP, et al. Complete internal audit of a mammography service in a reference institution for breast imaging. Radiol Bras. 2014;47:74-8. 8. Bitencourt AGV, Lima ENP, Chojniak R, et al. Correlation between PET/CT results and histological and immunohistochemical findings in breast carcinomas. Radiol Bras. 2014;47:67-73. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e Membro da Comissão de Mamografia do CBR. E-mail: ellyete@unisys.com.br

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